quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A carta à um grande amor

Ontem acordei de um jeito estranho. Uma sensação de "deja vu" latejava na minha cabeça assim que eu abri os olhos. 28 de janeiro de 2014. Foi só então que acabei por lembrar que, há exatos 30 dias atrás, a mesma profecia se cumpriu novamente. Da mesma maneira, com as mesmas palavras, as mesmas atitudes. Tava escrito? Se estava, eu não sei. Nem você saberia, sei disso. Mas o destino quis mais uma vez . Maktub!
Queria dizer muita coisa. Aliás, eu sempre quero! Sabes o quanto eu sou tagarela e o quanto eu vivo declarando que sempre quero dizer coisas à você. Deve ser porque tudo que eu tenho aqui dentro ainda nao saiu, não foi mostrado, não deu pra exportar de tão grande, intenso e verdadeiro que é. Mas como você sempre me trava, me coage, me inibe, embora lidar com as palavras seja o que eu mais saiba fazer, hoje elas não sairão oralmente, mas ficarão eternizadas aqui, agora e pra sempre, porque quero viver pra deixar gravado e marcado heterograficamente o grande amor que existe ainda em mim. 
Comecei o dia como se estivesse em transe. Um luto inexplicável toma conta de mim. Eu não nasci pra ser triste, não foi assim que a gente se conheceu, não é pra isso que eu vivo. Mas o amor me mudou. Ele me transformou. E mais do que tudo, me marcou a ferro e fogo. Infelizmente, meu sofrimento trabalha como fórmula responsável pela metamorfose que me transformou de uma simples e defeituosa lagarta  pra essa borboleta cada vez mais madura.
Amar você foi a experiência mais traumatizante e inesquecível que eu ja vivi. Foi o sentimento mais paradoxal, ambíguo e duplo que ja experimentei. A gente não imaginava chegar onde chegou. Não imaginava viver tudo que foi vivido. Era pra ser só por um instante, lembra? Era pra ser, mas não foi. E tanta coisa que era pra ser e não foi, não é mesmo?! De novo eu, fazendo "romance em cima de um conto breve!"
Te amar não foi  fácil. "Foi quase o anti-amor". Em meio a tantas turbulências, tantas indecisões, tantas atitudes incoerentes, eu ainda queria e desejava sempre mais. Porque o amor tudo suporta, tudo crê, tudo perdoa, já diria Camões. E foi bem assim mesmo. Só você viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade. Só pra você eu me desmontei inteira. E mesmo quando ninguém acreditava na gente, eu acreditava. Só olhar pra você, sentar ao lado, ouvir a voz, fazia tudo ficar mais feliz. Algumas pessoas simplesmente valem a pena.
E eu me pego aqui parada, pensando, analisando, "o quanto é uma pena correr a vida com pulinhos enganados de felicidade, e levar uma rasteira". Aí dá uma raiva de pensar em tanto sentimento querendo fazer alguém feliz. Tanta vontade em escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado.
Mas aí, chega o fim de semana. Aí, eu amoleço. Eu olho pro relógio, olho pro celular. É triste saber que falta alguma coisa e saber qua não dá pra substituir, esquecer, comprar, trocar.
A culpa de tudo isso talvez não seja tão nossa. A culpa de tudo isso pode ser da falta de confiança que "os outros" sempre quiseram depositar em nós dois. E apesar das fragilidades, o meu sentimento sempre foi autêntico. O meu sentimento sempre te deu provas de que jamais faria algo contra você. Meu amor profundo sempre quis ser verdadeiro, leal, sempre quis ser só seu. E foi! Por que você não pode acreditar nisso? Nem os nossos amigos e nem os nossos inimigos podem saber disso. Só e apenas eu e você.
"Eu tenho medo de tudo isso apagar e o vento levar suas cinzas, desse fogo todo ser de palha, como dizem. Da dor que se dissipa a cada respirada mais funda e cheia de coragem de ser só.  Pra não pensar na falta, eu me encho de coisas por aí. Me encho de amigos, bares, charmes, possibilidades, livros, músicas, descobertas solitárias e momentos introspectivos andando ao Sol. O mundo é cheio de opções sem você, mas todas elas me cheiram azedas e murchas demais. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana deixando de acreditar em mim pra acreditar em outros. E fazendo isso, eu só consigo  pensar em você mais ainda e na absurda vontade que eu tenho de te resgatar dessas pessoas que não te amam de verdade, mas com interesses pessoais.
É isso, sei lá, mas acho que amo você. Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você. E por fim te amo até sem amor, como se isso tudo fosse tão grande, tão grande, tão absurdo, que quase não é. Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. 
Chorar não adianta, eu seco de tanto chorar e não passa. Ver TV, falar ao telefone, dançar, gritar, escrever, abraçar minha mãe, tomar vodka… nada adianta.
Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. O fim do amor que queres por força te impor  é ainda mais triste do que o nosso fim.  E tudo bem, não é você, nunca foi, mas escuta a maluquice: é que nada disso impede que eu sinta um amor absurdo por você.
Minha vontade agora é sumir. Chamar você. Me esconder. Ir até a sua casa e te beijar e dizer que te amo e que você é importante demais na minha vida para eu te abandonar. Sacudir você e dizer que você é um otário porque está fazendo tudo isso comigo. Minha vontade é esquecer você. Apagar você da minha vida. Lembrar de você a cada manhã. Pensar em você para dormir melhor. Então eu percebo: IT’S ME, e minhas vontades são bipolares demais. Só o que não é bipolar demais é a minha ganancia por te ter.  Porque Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui mil anos, eu escolheria você…
 E eu sei, que daqui há uns meses, quando eu olhar pra esse texto novamente, vou sentir vergonha de mim por ter amado tanto você. Mas o que faz a história são as experiências adquiridas ao longo de nossos erros.
E não importa o quanto eu tenha errado, o quanto tenha tido mil defeitos, não importam desavenças, diferenças, não importa, não importa, não importa! porque o amor é sempre maior! Ele existe e ainda permeia por todos os lugares. Na música que você tocar, vai ouvir minha voz a te acompanhar. Nos filmes que você assistir, vai sentir minha presença. Quando a tristeza chegar, vai precisar de mim pra desabafar e chorar. Porque na vida nada é por acaso, não foi uma escolha aleatória a gente se amar, e se separar. A separação as vezes é necessária pra se entender a grande importância e relevância de alguém ao longo da vida. Aqui eu já percebi e só fiz confirmar. Espero que aí, do outro lado, o poder do amor, o mesmo que nos uniu um dia, te faça enxergar que a falta e a saudade são sinais maiores de que o fim e a distância não devem mais ser os nossos carrascos nessa vida. 
A ausência não dá paz! 

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